segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

A importância da aceitação

por Andre Lima - andre@eftbr.com.br

A vida sempre nos traz situações contrárias às nossas expectativas. No nosso dia-a-dia vários eventos ocorrem fora do nosso planejamento, contrariando aquilo que desejamos. Pode ser até mesmo uma pequena bobagem, como um telefonema que atrapalha a nossa concentração ou uma queda temporária da internet, por exemplo, mas não há um único dia que não ocorra algo em desacordo com as nossas expectativas.

Ao passarmos por essas experiências, geramos dentro de nós uma negatividade. São sentimentos desconfortáveis de raiva, frustração. Todos eles são formas de não aceitação do ocorrido. Parece algo muito natural e normal.

A não-aceitação é uma resistência interior a algo que está acontecendo naquele momento, ou que já aconteceu no passado. Travamos uma luta interna que gera negatividade e nos faz sofrer por não querermos aquele resultado. Mas a situação já está ali ou já foi. Inconscientemente é como se acreditássemos que ao criar a resistência interior conseguiremos mudar a situação. Mas é claro que isso é uma ilusão. O que pode mudar a situação em alguns casos é a tomada de alguma providência. A resistência interior adiciona apenas sofrimento para nós mesmos e não traz nenhum resultado prático. Em muitos casos, não há providência alguma a ser tomada e apenas sofremos impotentes com a nossa resistência.

Vamos agora a exemplos práticos. Eu estava a caminho do aeroporto de Recife, para ir ao Rio e de lá pegar outro avião. Recebi a ligação da agência de viagens informando que a companhia aérea que faria o vôo a partir do Rio está de greve e meu vôo foi cancelado. Imediatamente, começam a surgir um estado interior de tensão e resistência como se minha mente estivesse dizendo "isso não era para ter acontecido, que coisa chata e agora vai me causar um transtorno...". Mas já aconteceu. Não foi um estado de tensão muito grande, mas consegui percebê-lo. Assim que percebi, resolvi voluntariamente soltar essa tensão e aceitar a situação para que eu ficasse em paz, criando zero de resistência interior ao fato ocorrido.

Esse tipo de resistência surge de forma automática, é um velho condicionamento mental que vem passando por gerações e leva o ser humano a sofrer desnecessariamente. Uns têm esse condicionamento mais intenso e sofrem mais. Já outras pessoas vivem mais profundamente o estado de aceitação quando algo ocorre fora das expectativas e sentem mais paz do que a maioria.

No meu caso, não havia mais nada que eu pudesse fazer, a não ser aguardar as instruções da agência ao chegar ao Rio. Resolvi, então, que iria entrar no estado de aceitação, e a partir daí tomaria as providências que fossem necessárias, se houvesse. Há alguns anos, essa mesma situação certamente teria causado muito mais sofrimento.

Tudo isso que falei é extremamente simples e óbvio. Mesmo assim, vivemos criando não-aceitação o tempo todo, nas mais diversas situações. Entramos nesse estado de forma inconsciente e é preciso a auto-observação para mudar essa forma de reagir.

A reclamação é uma das formas mais óbvias da não aceitação. Reclamar da chuva, do atraso, do prejuízo, da doença, do engarrafamento, da comida ou de qualquer outra coisa. Não me refiro em si as palavras que são usada para apontar uma situação, como por exemplo, ao dizer "o trânsito está lentíssimo e vou chegar atrasado", e sim, ao sentimento que está por trás das palavras. Se houver um sentimento negativo, é isto que é a não-aceitação.

Se você aponta algo como "o dia está chuvoso" e não há qualquer sentimento negativo por trás, então, não há reclamação. Você está apenas descrevendo o dia, sem sofrimento, aceitando o clima do jeito que ele está. Não há uma resistência interior que inconscientemente tenta mudar o que já é. A partir daí você pode ou não tomar alguma providência, se sentindo em paz.

Mas é possível também dizer que o dia está chuvoso e sentir uma raiva, frustração ou qualquer outro sentimento. Nesse caso, a descrição do tempo vem acompanhada de não-aceitação, que é uma contrariedade interior, que não fará a menor diferença para o clima, mas nos causará desconforto.

Pode ser que você decida ficar em casa por causa da chuva. A partir daí, podem surgir mais sentimentos de não aceitação que se manifestam através de comentários mentais: "ai, vou deixar de fazer isso e aquilo que é importante...". Mas não tem como fazer agora. E resistir a isso com esses pensamentos e sentimentos apenas gera sofrimento.

Caso decida pegar o guarda-chuva e sair, podem brotar outros sentimentos de resistência que vão gerar pensamentos: "a rua está cheia de lama, e odeio me sujar. Vai acabar com minha escova que dei hoje no cabelo e sinto raiva desse prejuízo".

Normalmente, quando tomamos consciência do quanto esse processo apenas nos causa sofrimento, começamos a -eixar voluntariamente de criar resistência. Mas a não-aceitação aparecerá em vários momentos, involuntariamente, por ser um velho condicionamento. "É muito difícil aceitar as coisas como são!". É o que a nossa mente vai nos dizer. Na verdade é mais difícil não aceitar, pois há um gasto de energia e gera sofrimento. A aceitação é simples, não requer qualquer ação. É um simples permitir que as coisas existam da forma que são sem ir contra elas nem tentar controlá-las, até por que ir contra interiormente não resolve nada.

Quando nos sentimos incomodados com a maneira de ser de alguém estamos também criando não-aceitação. Ao aceitarmos as pessoas do jeito que são, nosso sofrimento acaba. Isso não significa dizer que você não possa colocar limites ou apontar algo para outra pessoa, ou mesmo se afastar de alguém. Mas você pode fazer isso sem gerar a negatividade interna. Primeiro você aceita, depois age.

Aceitar e depois agir, caso seja possível fazer algo para mudar a situação. E se não for possível agir, que se aceite em paz aquilo que é. Isso pode ser praticado para qualquer tipo de situação e leva a uma vida de crescente paz. Viver assim é agir com sabedoria. Viver na não aceitação é deixar que o ego e a mente condicionada cresçam e dominem nossa vida nos gerando sofrimento. É preciso ficar atento.

Ao aplicarmos *EFT para dissolver a raiva e a frustração que surgem em nós a partir das situações do dia-a-dia, entramos mais facilmente no estado da aceitação. A energia da reclamação, da frustração é dissolvida e os pensamentos negativos desaparecem.

André Lima -EFT Practitioner

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