segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Uma história de carícias

Havia um lugar...onde as pessoas ao nascer recebia um saquinho de carinhos e quando colocava a mão no saquinho tirava um carinho quente. Eles faziam as pessoas sentirem-se quentes e aconchegados, cheios de carinho. Quem não recebia enfraquecia e podia ficar doente e até morrer. Receber carinhos quentes era fácil, bastava pedir e logo alguém colocava a mão na sacolinha e surgia um bem quentinho. Ao vir à luz, o carinho se expandia e tornava-se um grande carinho que era colocado nas mãos, na cabeça ou no colo da pessoa e esta ficava muito bem.
Todos viviam pedindo e recebendo carinhos. Não havia problemas quanto a isso, já que eram de graça. Todos eram felizes e ricos de carinhos.
Um dia uma bruxa má se incomodou porque as pessoas, sendo felizes não a procuravam para comprar poções ou ungüentos e inventou um modo de acabar com a situação.
Chegou perto de Antônio, casado com Maria e quando ela brincava com a filha Lúcia, cochichou ao ouvido dele que assim, Maria gastando os carinhos com a menina, não sobraria nada para ele. Ele perguntou se os carinhos poderiam acabar e ela antes de sair na sua vassoura, disse-lhe que logo acabariam e ele ficaria sem receber mais carinho da esposa.
Preocupado, Antônio passou a observar quando Maria oferecia carinhos a alguma pessoa e começou a temer perder os carinhos dela. Começou a poupar seus próprios carinhos para dar apenas a ela e exigiu o mesmo. As crianças perceberam e começaram a economizar os carinhos para não gastar e as pessoas foram se tornando mesquinhos. Pessoas sentiam-se menos quentes e algumas morreram por falta de carinhos quentes. Assim começaram a procurar a bruxa para comprar poções e ungüentos. Então ela resolveu dar a todos um saquinho parecido com o dos carinhos mas contendo espinhos frios que faziam as pessoas sentirem-se frias e espetadas.
Quando alguém pedia um carinho quente, recebia um espinho frio e a situação foi se complicando, já que havia poucos carinhos quentes disponíveis. Os que havia eram reservados para o parceiro. Caso dessem para alguém mais, gerava culpa e arrependimento. Os que não foram felizes de encontrar parceiros generosos e amorosos, precisavam pagar por seus carinhos até muito caro. Algumas pessoas muito simpáticas recebiam muito carinho de graça e depois vendiam por muito dinheiro aos que dependiam de carinhos para sobreviver. Outras ainda pegavam os espinhos frios e cobriam com cobertura bem branquinha e fazendo com que passassem por carinhos enganavam os carentes e os de boa fé.
Eram carinhos falsos, de plástico e as pessoas ficavam trocando entre si, se enganando, mas depois sentiam-se mal e confusas. A situação ficou mais complicada.
Então chegou a esse lugar uma mulher que não conhecia a bruxa e não se preocupava que os carinhos acabassem e dava de graça para todo mundo, mesmo sem que pedissem.. Os adultos não gostaram,porque as crianças estavam gostando dela , e começaram a sair distribuindo carinhos quentes por aí a fora, esquecendo o perigo de ficar sem nada. Eles chamavam a mulher de Pessoa Especial e sentiam-se muito bem ao seu lado.
Os adultos preocupados, decidiram impor uma lei que protegesse as crianças do desperdício e passou a ser crime oferecer carinhos sem licença. Apesar da Lei, muitas crianças continuaram a trocar carinhos quentes, as Lei dos adultos nem sempre servem para as crianças. E parece que até hoje a troca de carinhos quentes continua. Adultos se juntaram `a Pessoa Especial e às crianças e os carinhos continuam à disposição de boa parte de nós.
Que você pensa a respeito?
Que devemos repartir, carinhos ou espinhos?

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