segunda-feira, 18 de agosto de 2014

A Mediunidade e a psicografia

Estudo aponta atividade cerebral diferente de médiuns durante a psicografia
Além do menor funcionamento neurológico, as cartas escritas em situação de transe apresentam textos mais complexos.
Olívia Freitas


Psicografia
Um estudo científico inédito analisou e comprovou o funcionamento cerebral diferente durante o processo de psicografia de médiuns brasileiros. A pesquisa revelou que eles apresentam menor atividade neurológica durante o estado de transe dissociativo (ausência de integração de pensamentos, sensações e experiências à consciência e à memória) junto de um complexo texto psicografado. A pesquisa Neuroimagem Durante o Estado de Transe: Uma Contribuição ao Estudo da Dissociação foi publicada num artigo do periódico científico norte-americano Plos One.
O estudo foi realizado na cidade da Filadélfia, nos Estados Unidos, em 2008, porém, publicado no ano passado. A análise foi feita por pesquisadores do Instituto de Psiquiatria (IPq) do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), da Universidade Federal de Juiz de Fora, da Universidade da Pensilvânia e pela Universidade Thomas Jefferson, ambas nos Estados Unidos.
Foram analisados individualmente e como um todo 10 médiuns saudáveis, em dois momentos: em estado de transe e no estado habitual de consciência, considerando os textos produzidos e a atividade cerebral nos dois momentos. Todos eles tinham experiência com psicografia, entre 15 a 47 anos, não cobravam pelo trabalho e escreviam no mínimo 10 cartas psicografadas por mês.
“O estudo mostrou uma mudança no fluxo sanguíneo cerebral, nos pudemos observar que, durante a psicografia as áreas de planejamento tiveram menos atividade em comparação à escrita fora do transe mediúnico”, explica o doutor em Neurociências e Comportamento Julio Peres, pesquisador do Programa de Saúde, Espiritualidade e Religiosidade, do Instituto de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da USP.
Durante o processo da psicografia, os médiuns mais experientes apresentaram níveis mais baixos de atividade nas áreas responsáveis pela produção de fala, atenção, compreensão da linguagem e escrita. Para a análise, foram usados equipamentos de última geração para medir o fluxo sanguíneo cerebral regional correlacionado com a atividade encefálica durante a escrita.
O cientista e médico Andrew Newberg, diretor de pesquisa do Myrna Brind Centro de Medicina Integrativa da Universidade Thomas Jefferson, destaca como importante no resultado do estudo a diminuição da atividade cerebral. Ele se diz animado com os resultados diferentes entre os médiuns com maior e menor experiência. “[O estudo] sugere que há um ‘efeito de treino’ em que o cérebro da pessoa muda ao longo do tempo para participar dessa experiência”, conta.

O texto
A complexidade dos textos foi maior durante o estado de transe do que em estado habitual. “O que chamou a atenção foi a complexidade dos textos escritos. Para gerar um texto mais complexo, é preciso ter mais atividade neural, só que o contrário aconteceu”, revela o líder da pesquisa, Peres.
Os textos, escritos por 25 minutos sem pausa, foram estudados pelo doutor em Literatura Brasileira pela Universidade Estadual de Campinas Alexandre Caroli Rocha. “Os textos foram avaliados sob seis critérios: pontuação, seleção lexical e ortografia, concordância verbal e nominal e colocação pronominal, desenvolvimento do tema, estruturas frasais e articulação entre as partes e coerência”, explica Caroli. Ele obteve dois resultados: casos em que a pontuação do texto comum de um médium é bem próxima da de sua psicografia e em que a pontuação da psicografia dos médiuns experientes é mais elevada do que a de seu texto comum.
Segundo os autores do artigo, os médiuns com mais experiência disseram estar num transe mais profundo, com nenhuma ou pouca consciência do que escreviam. Já os menos experientes, estavam num estado de transe menos profundo e relataram geralmente escrever frases ditadas por espíritos. Essas diferenças podem estar relacionadas aos diferentes níveis de experiência e também a graus de ansiedade/expectativa, esforço ou eficiência.
Sobre a hipótese de as cartas serem de autoria de espíritos, como afirmam os médiuns, é possível para Peres.“Essa hipótese é plausível porque uma menor atividade cerebral foi encontrada para geração de um conteúdo complexo durante a psicografia”, afirma. Porém, ainda de acordo com o artigo, não está claro se a atividade cerebral menos intensa está relacionada com mais eficiência do cérebro durante a realização da tarefa ou de outros casos, como o transe mediúnico e a comunicação espiritual.
De acordo com Newberg, os exames só mostraram o que acontece no cérebro quando alguém tem uma experiência particular, eles não provam a real causa da experiência. “É possível que, seja um estado produzido pelo cérebro, mas também que o cérebro está tocando em alguma outra esfera com espíritos”, explica. Para Peres, esta é apenas uma mostra inicial, é preciso mais estudos sobre o tema.

Comentários

1. Só a ciência mesmo poderá desvendar mais esse mistério do PENSAMENTO, que para os idealistas religiosos, que imaginam tudo(lucubrações), se sentem no direito de “afirmar” que qualquer fenômeno da natureza que lhes interessa: ou por ignorância; ou por irresponsabilidade, ou por alguma anomalia psíquica(tipo epilepsia) provocada pela formação anormal do cérebro(físico); ou teses que continuem reafirmando as suas doutrinas(tal como a espírita, a cristã, a muçulmana, a judia, etc.). Em plena época da informática “seria” de se preocupar quando a presidente da ANP afirmou que: “Só um PARANORMAL poderia invadir o sistema de informática da Petrobras.”
O estudo é um dentre outros em que o Dr. Julio Peres participou. O objetivo, claro, é começar a construir no meio científico um conceito de questionamento aos dogmas acadêmicos, abrindo espaço para futuros estudos mais profundos. A conclusão primeira do presente estudo é, incontestavelmente, que textos mais complexos, em "estado de psicografia", não foram realizados através de maior atividade cognitiva, cerebral ou de afluxo sanguíneo, o que contraria TODOS os estudos mais elementares da Neurologia. Eles sabem disso, por isso lançam a semente desta pesquisa. Sabem, também, que na psicografia a manifestação de outra inteligência incorpórea que não a do médium é o que justifica essa DISPARIDADE entre textos mais complexos e menor atividade cerebral, mas não irão dizer num estudo técnico. Não agora. Os pré-conceitos acadêmicos são muitos. No futuro será diferente. Hoje é apenas isso: como posso escrever mais complexo com menor atividade cerebral? Ou enterro o estudo da Neurologia, ou tenho que usar outros conceitos.

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