segunda-feira, 3 de novembro de 2014

O oceano da verdade


O aprendiz sincfero da Verdade acercou-se do Mestre e propôs-lhe:

- A calúnia fere-me a alma e a incompreensão deliberada persegue-me a vida. Sinto-me aturdido e cansado. Que fazer?

- Alegrar-se - respondeu o sábio - por estar sofrendo.

- Todavia, sou inocente.

- Por isso mesmo deves rejubilar-te. O aplauso à inocência vem da consciência tranqüila. Quando alguém sofre a imediata correção ou censura ao erro praticado, reabilita-se. Mas se é inocente daquilo que lhe acusam, deve sentir-se feliz, porque a justiça assim o alcança, convidando-o a reparar delitos outros que ficaram ignorados.

- Embora reconheça a justeza do ensinamento, sofro com as dificuldades que me são postas à frente. Como proceder?

Fazendo uma pausa para reflexionar, elucidou, o santo:

- Humilde nascente dágua, oculta num bosque feliz, vivia ignorada e tranqüila. Oportunamente, um viandante, cansado e sedento, encontrou-a e refrescou-se, abençoando-a após.

“Animada com o fato, a fonte rogou a Deus que lhe permitisse crescer, porquanto gostaria de atender os animais, as aves e alguns passantes combalidos...

“A Divina Misericórdia ouviu-a e produziu chuvas que lhe aumentaram o potencial, fazendo-a transbordar e tomando-a um córrego generoso a alongar-se por sobre a terra gentil.

“Entusiasmada, por atender as necessidades a sua volta, atendendo também as plantas por onde passava, a antiga nascente exorou mais força, porquanto gostaria de alcançar uma área maior e beneficiar mais...

“A Suprema Sabedoria concordou, facultando que mais chuva caísse no seu ponto de origem e aumentando-lhe o caudal propiciou-lhe alcançar distâncias que antes sequer eram conhecidas.

“Numa curva, porém, mais acentuada do seu curso, o riacho encontrou seixos e pedregulhos que lhe pareciam impedir o avanço. Porque tivesse força carregou-os, deixando-os à margem ou fixando-os ao leito por onde corria.

“Pelo caminho foi encontrando outros córregos aos quais uniu suas forças e prosseguiu.

“Mais à frente, no entanto, deparou-se com um tronco tombado no seu curso, que lhe obstaculizava o avanço...

“Sem qualquer reclamação aquietou suas águas e cresceu até transpor o impedimento, seguindo adiante e, por fim, depois de muitos desafios alcançou o mar, com o qual misturou suas águas.”

Fazendo um silêncio oportuno para melhor facilitar ao queixoso a compreensão do ensinamento, concluiu:

- Todo aquele que busca o oceano da Verdade libertadora, deve crescer e avançar na sua direção. Quando surgirem problemas e dificuldades que não possam ser afastados, é necessário silenciar, trabalhar e crescer ultrapassando os óbices, em razão do destino à frente, que deve ser conquistado.

“Assim, nunca deve relacionar os desafios nem os obstáculos. Antes cumpre-lhe alegrar-se com o terreno já percorrido, estimulando-se para vencer o trecho que se alonga à espera para ser vencido.

“Diante de novos dilemas é necessário orar para que a chuva do auxilio superior lhe chegue, fortalecendo-o com os recursos que lhe proporcionem a tudo superar, até o momento do grande encontro, no qual se plenifica e tranquiliza.

“Desse modo, segue tu, adiante, fazendo o mesmo."

O discípulo compreendeu a lição e prosseguiu, antego-zando o momento de penetrar no oceano da Verdade.

Não mais se deteve na queixa ou na amargura, na dor ou no ressentimento, despreocupando-se quanto à necessidade da defesa pessoal ou da justificação, pois que a sua era a meta superior que o esperava e não as falsas alegrias do aplauso transitório que no momento disputava.

In EM ALGUM LUGAR DO FUTURO", DIVALDO P. FRANCO, pelo Espírito EROS

Um comentário:

Unknown disse...

LINDO ensinamento!
Obrigado!