quarta-feira, 9 de novembro de 2016

O CAMINHO PARA A IMAGINAÇÃO, INSPIRAÇÃO E INTUIÇÃO


 por Bernard Lievegoed
Através da ação intuitiva, o homem se reconhece como um instrumento de forças superiores.

Na imaginação, o pensamento torna-se órgão de percepção e na inspiração é o sentimento que se torna um órgão sensorial. A terceira força anímica, a vontade, será transformada em intuição. Aqui, também, temos que aprender a distinguir, entre os desejos e intenções que dão origem às ações de nossa individualidade diurna e os atos de nossa segunda a individualidade, a noturna. Como exercício preparatório é necessário praticar a coragem e bravura na vida diária, chamada apropriadamente de Presença de Espírito. Este último permite-nos reconhecer quando o tempo para uma ação intuitiva, lançar-se ao curso dos acontecimentos e fazer o que você se deve fazer.
Atuar a partir da intuição (não no significado da palavra intuição, que está mais relacionado com sentido instintivo-emocional ao invés da ação correta) não é algo que é conseguido do dia para a noite. É preciso deparar-se por anos com a pergunta: “Se eu soubesse o que realmente deveria fazer…”
Se alguém não está disposto a sofrer com isso e passar noites sem dormir, enquanto atormentando por esta questão, não se pode desenvolver a capacidade de pegar o touro pelos chifres quando se tornar claro que é hora de fazê-lo. A intuição nos diz da oportunidade, provavelmente sem perceber, que é sim, aproveite porque essa é a resposta que você estava esperando. No Homem desperto na alma e no espírito, a intuição fala desde de o exterior! No final de uma conversa com um amigo de infância, Rudolf Steiner indicou: “Preste atenção às perguntas que vem a você. Nas questões se expressa seu karma.”
O caminho de desenvolvimento que leva à intuição requer estar preparado para reconhecer essas perguntas, porque normalmente não se expressam em palavras, mas em situações. Raramente na vida acontece de acordarmos de manhã com uma intuição que vem de sonhos, e que se apresenta diante de nossos olhos, clara até o último detalhe. Quando isso acontece, nós começamos a tremer como uma folha, preenchido com uma vontade que nos esmaga, e perguntamos surpresos: “Devo fazer isso? Isso vai contra os meus interesses e desejos, é demais para mim.”
A intuição mais elevada é descrita na Bíblia, no episódio do Getsêmani, quando Cristo percebe que terá de enfrentar a Crucificação e exclama desesperado: “Afasta de mim este cálice!” Esse grito pode ressoar na vida de cada um de nós, em menor grau, mas para nós é muito real: “Afasta este cálice”. Se você o beber, apesar de tudo, você percebe que agir em tais situações gera forças que excedem as suas próprias capacidades.
Através da ação intuitiva, o homem se reconhece como um instrumento de forças superiores. O destino pessoal deve ser anulado. Se dispõe a fazer o que deve ser feito em um determinado momento.
O que nós acabamos de descrever tem a ver com os primeiros passos para a imaginação, inspiração e intuição.

 em Biblioteca visual de Antroposofia

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