sexta-feira, 30 de dezembro de 2016

Perdoar!!!

A PALAVRA DE ORDEM É: PERDOAR

Quase sempre quando nos sentimos injuriados, nossa tendência é
aumentar o fato que nos desagradou. Se fomos ofendidos por esse ou
aquele motivo, quase sempre encapsulamos o desejo de desforra e
mantemos o "link" mental com as forças poderosas das trevas, que
somadas a outras tantas potencializam as sombras de nossos desagravos.
Diante disto, predominam os núcleos formados pelo egoísmo e pelas
paixões primitivas, porque nossos corações são duros e cremos que
estamos sempre com razão. E quanto mais arraigados nesta certeza, mais
esforço será necessário para que despertemos para a real necessidade
do perdão. Mister tentemos entender o que ocasionou a ofensa. Por
vezes, fomos nós mesmos os promotores dela, por algo que tenhamos dito
ou feito. Há casos e casos. A indignação é sentimento que, às vezes,
se torna necessário diante da atitude descabida de alguém. Tal atitude
não deve assumir, porém, o caráter da agressão nem do revide, devendo,
sem dúvida, ser

manifestada para que o outro perceba as conseqüências de seus atos.
Contudo, em várias ocasiões, por gostar muito de alguém, relevamos
suas atitudes inadequadas para conosco e com outros, confundindo os
sentimentos e perdoando quando caberia a repreensão e advertência
obrigatória. Até porque perdão não significa conivência com o erro. O
bom senso sussurra que atitudes como essas, isto é, perdoar e
desculpar sem limites, incita o outro à prática do mesmo ato
reprovável. Isto não é amor, mas, subserviência ou omissão. Perdoar
coisas leves contra nós mesmos é relativamente fácil, porém quando se
trata de algo mais sério como um assassinato, um estupro, uma
infidelidade conjugal por exemplo, a dificuldade de superação da mágoa
aumenta consideravelmente. Por isso que a Doutrina Espírita leva
refletir, que o perdão será sempre o sentimento que nas superações
pessoais transcendem ao próprio ser. Devemos dar o direito de a pessoa
ser agressiva, mas não nos dar o direito de revidar a agressão. A
raiva é semelhante a um raio. Pode provocar danos graves. É
inesperada. Mas o rancor é calculado. É necessário que aprendamos a
colocar um pára-raio e evitemos os tóxicos deste sentimento negativo.
No entanto, esquecer ofensa depende da nossa memória. Muita coisa
queremos esquecer e simplesmente não esquecemos. Sentimos o impacto e
não temos como evitar a raiva, é fisiológico, reagimos no momento. Mas
conservar a mágoa é da minha vontade. Se eu conservar a mágoa tenho um
transtorno psicológico, sou masoquista, gosto de sofrer. Como seres
emocionais sentimos o impacto da agressão, mas não devemos nos
revoltarmos, e trabalhemos para esquecer. (1)

Perdoar não é esquecer por esquecer. É compreender e colocar-nos no
lugar do outro. O esquecimento somente vem quando a memória se
encarrega de diluir a impressão negativa, o que demanda tempo,
reflexão e autosuperação. São claras as palavras de Jesus no evangelho
de Mateus: "Ouvistes que foi dito: Amarás ao teu próximo, e odiarás ao
teu inimigo. Eu, porém, vos digo: Amai aos vossos inimigos, e orai
pelos que vos perseguem e caluniam; (2)". Jesus trata de uma das mais
complexas dificuldades do ser humano: perdoar a quem nos ofende.
Desenvolvemos muitas doenças por que não conseguimos perdoar, isto é,
cristalizamos nas mágoas os processos de vindita através das idéias
obsessivas, cujas causas deslocam-se do campo íntimo em desarmonia
exteriorizando-se no somático. Em verdade os estados mentais enfermos
serão invariavelmente refletidos no corpo físico através de variada
sintomatologia seja no ódio, no rancor, resultando, por via de
conseqüência, em nossa prisão a influências inferiores, engendrando
uma cadeia mórbida de patologias devastadoras. O espírito de Manoel P.
Miranda diz que "(3) o ódio é fruto do egoísmo, do personalismo
magoado, e Kardec comenta no Evangelho segundo o Espiritismo que "O
ódio e o rancor denotam uma alma sem elevação e sem grandeza. O
esquecimento das ofensas é próprio da alma elevada, que paira acima do
mal que lhes quiseram fazer. (4)" Pesquisas modernas indicam que o ato
de perdoar pode aplacar a tensão, reduzir a pressão sanguínea e
diminuir a taxa de batimentos cardíacos. Perdoar, portanto, não é
somente uma questão de conquista emocional e espiritual, é também uma
questão de saúde. O Evangelista Mateus narra a passagem em que Jesus
disse: "Se contra vós

pecou vosso irmão, ide fazer-lhe sentir a falta em particular, a sós
com ele; se vos atender, tereis ganho o vosso irmão. Então,
aproximando-se dele, disse-lhe Pedro: 'Senhor, quantas vezes perdoarei
a meu irmão, quando houver pecado contra mim? Até sete vezes?' -
Respondeulhe Jesus: 'Não vos digo que perdoeis até sete vezes, mas até
setenta vezes sete vezes". (5) Não resta dúvida que aprendendo a
perdoar, estaremos promovendo nosso crescimento espiritual. A condição
do verdadeiro perdão é o esquecimento. Mas não podemos deixar-nos
encharcar de hipocrisia ao ponto de dizermos que já conseguimos isso
com todos os que nos ofendem. É certo que para nossas aparências
sociais "o perdão significa renunciar à vingança, sem que o ofendido
precise olvidar plenamente a falta do seu irmão; entretanto, para o
Espírito Evangelizado, perdão e esquecimento devem caminhar juntos
embora prevaleça para todos os instantes da existência a necessidade
de oração e vigilância. Aliás, a própria lei da reencarnação nos
ensina que só o esquecimento do passado pode preparar a alvorada de
redenção". (6) O Evangelho Segundo o Espiritismo no capítulo X dá a
dimensão do perdão, na sua forma mais simples e mais agradável a Deus,
levando-nos a refletir nas palavras do Mestre registradas por Mateus
entre as Bem-Aventuranças: (7) "Se perdoares aos homens as faltas que
cometeram contra vós, também vosso Pai celestial vos perdoará os
pecados; mas, si não perdoardes aos homens quando vos tenham ofendido,
vosso Pai celestial também não vos perdoará os pecados". (8) Jesus,
aconselhou amar os nossos inimigos no enfoque de não devolver com a
mesma moeda aquilo que nos foi desferido. Oferecendo, porém, a outra
face, a face do bem, pois assim cortar-se-ia

pela raiz os sentimentos de vingança.
Cabe aqui um registro de grande importância é o exercício do perdão na
intimidade familiar. Não podemos perder de vista a suprema necessidade
do perdão em família. Precisamos muito mais do perdão, dentro de casa,
que na ribalta social, e muito mais de apoio recíproco no ambiente em
que somos chamados a servir, que nas veredas ruidosa do mundo. E se
Jesus nos ensinou perdoar setenta vezes sete aos nossos inimigos,
quantas vezes deveremos perdoar aos amigos (familiares) que nos
entretecem a alegria de viver dentro do ambiente doméstico? Portanto,
aconteça-nos o que acontecer, não cedamos, nunca, a pensamentos de
rancor e de vingança; isto poria em ação forças destrutivas que, mais
cedo ou mais tarde, reagiriam contra nós mesmos. Certamente, os
agravos que nos façam não ficarão impunes, mas deixemos a cargo do
Criador a justa correção.

Jorge Hessen
E-Mail: jorgehessen@gmail.com
Site: http://jorgehessen.net

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