terça-feira, 28 de fevereiro de 2017

O 7o. setênio - 42 a 49 anos

A FASE SOCIAL OU DA ALMA IMAGINATIVA
Dra. Gudrun Burkhard
I
As forças de desgaste cada vez mais intensas fazem-se sentir. Isto é um processo natural, que deve ser encarado como tal; como exemplos temos que a vista não se acomoda mais tão rapidamente; perde-se o fôlego ao subir uma montanha; as pernas tornam-se mais finas, etc. Esse desgaste continua aparecendo no inconsciente, nos sonhos; por exemplo, muitas vezes nos dando a impressão de que vamos morrer logo. Mesmo as pessoas mais preparadas, como psiquiatras, médicos, psicólogos, começam a ter medo da morte. Mas como nos podemos preparar para a morte e enfrentá-la, sem conhece-la? É como um alerta para estruturar o futuro de uma maneira mais consciente pois o que realmente levamos conosco para além da morte?

“A vida começa aos quarenta”, é uma expressão comum; O que seria este começar aos 40? Esta fase também pode ser comparada ao outono. Em países com estações do ano bem acentuadas, ele é de rara beleza. Maravilhosas cores cobrem todas as árvores e é a época da colheita dos frutos. Mas para quem são os frutos? Será que seremos nós mesmos ou os outros que saborearão os frutos? Entramos na fase da doação, social, altruísta. Os nossos conhecimentos, vivências, experiências, enfim os frutos da nossa vida, vão agora servir aos outros. Quem consegue transmitir isto aos seus jovens colegas de trabalho, ou subalternos, ou aos seus filhos, sentirá dentro de si as possibilidades que oferecem as fases da vida seguintes.
Com a crise existencial chegou-se a um vazio, a um “zero”. Pensa-se muitas vezes em começar algo novo, de fazer novos investimentos comerciais. Mas, tendo consciência dos fenômenos acima, de repente surge a pergunta: “Ao invés de agora começar a fazer tudo de novo, ou de arranjar uma mulher ou um marido novo não seria necessário conseguir fazer as mesmas coisas de maneira diferente?”
A sensação que temos nessa época é a de estarmos como que subindo uma montanha. Na caminhada nada enxergamos, porque estamos no meio da floresta e só vemos as árvores a nossa frente. Agora, repentinamente, chegou-se ao cume e avistamos todo um panorama. As correlações dos componentes da “paisagem” se nos tornam visíveis e compreensíveis. Precisamos então saber orientar-nos nessa nova paisagem, enxergar as coisas a partir de um novo angulo; desenvolver a nossa consciência em grandes imagens. Nesta fase, ocorre uma tensão semelhante à da puberdade: de um lado os órgãos sexuais, dos quais as forças da vitalidade se retiram gradativamente, às vezes “cobram” necessidades maiores; e de outro lado, são essas as forças agora liberadas que podem ser usadas para uma nova criatividade. Surge aqui um novo “nascimento” de uma criatividade, que se pode iniciar e chegar a desabrochar nas fases seguintes.
O grande desafio é a realização de novas metas de vida não mais materiais, mas talvez mais de ordem espiritual. Se consigo estar em harmonia com as leis espirituais do cosmo, estarei em harmonia comigo mesmo. Um senso de responsabilidade pelos da nova geração vai crescendo, e podemos tentar promove-los e gradativamente passar nossas tarefas cada vez mais para suas mãos.
As crises nessa época ocorrem:
– a nível físico: quando queremos tentar manter o ritmo de vida igual ao dos anos anteriores, e, com o trabalhamos mais lentamente, temos de compensar isto com mais horas de trabalho, e isto nosso organismo não aguenta por muito tempo. Se não conseguirmos adaptar o trabalho ao ritmo, agora ao próprio ritmo do organismo, um enfarte, uma hipertensão ou um câncer não demorará a aparecer.
– a nível anímico: o homem preocupa-se mais com a perda de sua posição no trabalho ou na sociedade, sente a ameaça dos mais jovens, e tenta compensar isto por certas atitudes que mais corresponderiam a um jovem de20 anos, tais como adquirir o último carro esporte, vaidade excessiva, ou mesmo a troca da mulher por uma amante bem mais jovem. Quer manter a fase expansiva a todo custo, fundando novas empresas, etc.
A mulher nessa época é muito mais preocupada com a perda da beleza física: procura fazer operações plásticas, tintura de cabelos, etc. Mas muitas vezes ela tenta manter os filhos infantis, apesar de já terem idade adulta, ou então pajeia demais os netos. Algumas mulheres nessa época também querem manter a “fase expansiva” e às vezes até pensam em desfazer uma ligadura nas trompas para ter mais um filho. O vazio sentido exige compensações. A criatividade poderia ocorrer não ao nível biológico, mas ao nível espiritual, já que agora os filhos estão crescidos e já se atingiu uma reserva material e finalmente existe tempo disponível. Essas atividades poderiam manifestar-se ao nível social, cultural, artístico, religioso, para citar só algumas possibilidades.
O relacionamento corre muitos riscos, se aqui não forem encontrados novos valores.
A CRISE DOS 49 ANOS – A MENOPAUSA
Com a perda da menstruação e a perda da possibilidade de reprodução, muitas mulheres sentem-se então realmente “‘velhas”. Mas em realidade esta crise é como outra qualquer e pode ser facilmente superada. Infelizmente só se dá valor aos fenômenos biológicos, e então toda indústria farmacêutica se empenha para vender medicamentos para “prevenir a menopausa” e a “osteoporose”, entre eles, os hormônios. Mas o que acontece em realidade? Só lentamente, no decorrer dos anos, é que os ovários deixam de secretar os hormônios, o que ocorre naturalmente. São raros os casos em que esta queda de hormônios é brusca e provoca verdadeiros sintomas desagradáveis tornando necessária uma medicação. Se a menstruação for mantida artificialmente através de hormônios, então realmente não podemos aproveitar essas forças liberadas dos órgãos para a nova criatividade espiritual. Para quem se ocupa no trabalho com a menopausa, não seria igualmente importante enfocar este lado da ampliação da consciência espiritual? Assim os sintomas passageiros como labilidade emocional, fogachos, insegurança passageira, não seriam muito mais facilmente superados?

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